quarta-feira, 23 de março de 2011

Construção Social de Competências, um contraponto ao conteudismo

Sabemos, e não é de hoje, que a educação de futuro passa pelos conteúdos mas não é este o seu fim. O verdadeiro fim da educação é o desenvolvimento de competências. Competências sobretudo sociais se considerarmos a realiadade que vivemos no contexto local. 

Temos sempre dito e ouvido que determinados alunos são realmente muito inteligentes e habilidosos no aspecto relacionado ao conteúdo e as suas habilidades intelectuais. Por vezes, utilizamos o dolosoro "porém" que coloca como obstáculo a dificuldade que esse mesmo aluno tem para conviver com os colegas, os/as professor@s e demais profissionais da escola e mesmo comunidade.

É assim que chegamos a conclusão que temos um grande desafio pela frente que é desenvolvermos um programa formativo que habilite nossos discentes a se apropriarem das competências para a vida social de forma a não viver num constante espaço de conflitos e frustrações.

Mas, enfim, como é que se faz a construção social das competências necessárias para uma vida de liberdades e limites com potencial para transformação do mundo e das pessoas? Certamente, só através de um projeto coletivo de grande envergadura e não de curto prazo.

Precisamos pensar nos detalhes, nas particularidades de cada aluno e, ao mesmo tempo, nos aspectos gerais da turma e da escola. Devemos ter um olhar que não seja simplesmente baseado na tarefa e na determinação das regras (que são necessárias). Temos que ir além do tempo que temos e proporcionar um educação que liberte o homem de tantas amarras que ele próprio e também a sociedade impôs.

O conceito de certo e de errado hoje foi relativizado e muitas vezes ficamos chocados em ver que atitudes de rebeldia dentro da escola podem ser coerentes com o protesto que nós educadores queremos mas não temos coragem de fazer.

Ficar presos numa sala de aula desconfortável, não ter boas condições de iluminação e nem de climatização; ter que ouvir - por horas - o roncar de ventiladores que ao longo do tempo nos tornarão surdos. Ter que cumprir um conjunto de tarefas que simplesmente não cabem no espaço de tempo que fomos contradados para trabalhar e que, de certo, não é tão bem remunerado.

Olho para os alunos ditos rebeldes e fico naquela angustia de não poder dizer: É meu filho, você tem toda razão! Também fico angustiado em não poder, junto com os professores que enfrentam uma tão dura rotina de trabalho e dizer: Chega! Precisamos dar um basta a essas condições impróprias para o desenvolvimento de um ensino de qualidade.

Temos de tudo ao mesmo tempo que não temos nada, pois nos falta o tempo necessário para construir uma prosposta e mais ainda para implementá-la de forma qualificada.

A construção social de competências portanto, passa pelo simples caminho de ter tempo suficiente para pensar e conversar sobre o cotidiano que temos, analisar e estudar cada caso de aluno que requer tanta atenção que vai exigir - ele só - a mobilização de toda uma rede de proteção.

Em algum tempo do passado, me foi perguntado qual era o meu grito. O que é que clama minha alma do fundo do meu coração e que precisa de uma resposta que poderá ser dada a partir do trabalho sistemático e cuidados.

O grito que tenho hoje é por tempo. É pelo tempo necessário para construir e implementar coletivamente uma proposta que tem potencial para mudar a nossa vida, a vida dos nossos discentes e também de toda um comunidade, pois, a escola é como a igreja: Tem o poder inabalável de transformar o mundo.

Essa mudança, não se dá pelo conteúdo e sim pela competência. Por quanto tempo mais vamos resistir as mudanças?


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